Ao falar sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o nosso senso comum costuma relacionar sustentabilidade à preservação do meio ambiente. No entanto, essa abordagem vai muito além da proteção do ecossistema. Embora os elementos da natureza (água, ar e solo) sejam o ponto central do desenvolvimento sustentável, demandas socioeconômicas são indispensáveis para construirmos um mundo melhor.
O planeta Terra está prosperando de forma irregular e insuficiente em setores como saúde, educação, distribuição de renda, alimentação, infraestrutura, segurança, acesso a recursos básicos, entre outros.
Nesse sentido, os ODS foram idealizados para garantir que toda a sociedade mundial possa progredir de forma consciente e efetiva. Saiba mais sobre tais objetivos a seguir.
Por que e como surgiram os ODS?
A ideia de firmar Objetivos de Desenvolvimento Sustentável surgiu em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, evento chamado de ECO-92. Foram convocados mais de 100 chefes de Estado para tratar do desenvolvimento mundial para as gerações futuras. Essa assembleia deu origem à Agenda 21, primeiro documento de objetivos para assegurar, em proporção global, um novo modelo de expansão para o século 21.
Após 20 anos da ECO-92, 193 representantes de países reuniram-se no Rio de Janeiro para reafirmar o compromisso com o desenvolvimento sustentável durante uma conferência conhecida como Rio + 20. O encontro analisou os progressos conquistados até aquele momento e levantou pontos do evento de 92 que ainda deviam ser cumpridos e melhorados. Como resultado, surgiu a Agenda 2030, que abrange 17 novos objetivos denominados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS.
A nova Agenda atua como um guia para as atuações da comunidade internacional. Ela deve ser implementada coletivamente para direcionar todo o planeta para uma trajetória mais resiliente e sustentável até 2030.
O que são ODS?
A Agenda 2030 compreende planeta, pessoas, paz, prosperidade e parceira como pontos essenciais para o crescimento propício da vida e define metas a serem atingidas até 2030 para solucionar os problemas relacionados a cada uma delas. Como mencionado, são 17 Objetivos que evidenciam a urgência de colocar a população mundial em uma realidade mais sustentável.
A ONU determina os ODS como “indivisíveis e integrados”, ou seja, esses dois termos correspondem ao alinhamento das bases da sustentabilidade (sociedade, economia e meio ambiente) e a conexão entre cada uma delas. Compreende-se que não é possível atingir um Objetivo sem cumprir os outros de forma conjunta.
Resultados de anos de ampla análise pública e cooperação da sociedade civil mundial, com atenção às necessidades da parcela mais pobre e vulnerável, os Objetivos consideram a participação efetiva do Secretariado das Nações Unidas.
Apesar de ser idealizada com finalidade global, a Agenda 2030 considera as diversas capacidades, realidades e níveis de desenvolvimento. Ou seja, o documento respeita as políticas e demandas de cada país, valorizando as dimensões geográficas e a situação econômica das regiões. Dessa forma, tonifica a flexibilidade dos ODS e suas adequações para atender as individualidades de cada nação.
Quais os ODS pela ONU?
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são diversos e cada um apresenta suas características e propósitos. Conheça todos eles a seguir.
1. Erradicação da pobreza
O intuito da ONU é erradicar a pobreza mundial de todas as pessoas que vivem com menos de US$1,90 por dia. Para que isso seja possível, devem ser implementadas medidas de proteção adequadas, a fim de reduzir a proporção de homens, mulheres e crianças que vivem em situação de pobreza. Além disso, é almejado que pessoas pobres e vulneráveis tenham acesso à propriedade, aos recursos econômicos, aos serviços básicos e às tecnologias.
2. Fome zero e agricultura sustentável
Nesse ODS, é objetivado o acesso de todas as populações, especialmente as mais carentes, a alimentos nutritivos, seguros e suficientes até 2030. Até 2025, busca-se suprir as demandas nutricionais dos jovens, idosos, mulheres grávidas e lactantes.
A agricultura sustentável tem a função de duplicar o cultivo e a renda dos pequenos produtores rurais, particularmente de:
- agricultores familiares;
- mulheres;
- povos indígenas;
- pastores e pescadores.
Além disso, considera a implantação de métodos agrícolas resilientes, que elevam a produção e conservam o meio ambiente — fortalecendo a capacidade de adaptação às alterações do clima e às mudanças meteorológicas extremas (inundações, secas, geadas etc.) —, a fim de melhorar continuamente a qualidade do solo.
No segmento de commodities de alimentos, serão integradas ações que garantem o funcionamento e os dados sobre as reservas, com o objetivo de reduzir a variação extrema dos preços dos alimentos.
3. Saúde e bem-estar
O terceiro ODS da ONU tem o intuito de diminuir o índice de mortalidade materna no mundo, erradicar óbitos evitáveis de recém-nascidos e crianças da primeira infância (até 6 anos). Também almeja a diminuição da mortalidade neonatal.
Em relação à saúde familiar e sexual, pretende garantir o acesso universal aos serviços médicos, incluindo planejamento familiar e instrução, bem como a integração da saúde reprodutiva em programas de ensino nacionais.
Além disso, o objetivo é acabar com as epidemias de AIDS, COVID-19, malária, tuberculose e doenças tropicais, além de combater a hepatite, as moléstias causadas pela água contaminada e outras enfermidades transmissíveis.
A cobertura global de saúde, bem como o acesso a serviços médicos de qualidade e a remédios e vacinas seguros e eficazes para todos, também é uma meta que deve ser atingida até 2030.
4. Educação de qualidade
Garantir que todas as crianças tenham um desenvolvimento educacional eficiente, de modo que estejam prontas para o ensino primário. Ademais, que pessoas jovens e adultas tenham igualdade de acesso a cursos técnicos, profissionais e superiores de qualidade, a valores acessíveis.
5. Igualdade de gênero
Eliminar todos os tipos de discriminação contra todas as mulheres nos quatro cantos do mundo, bem como acabar com a violência nos setores públicos e privados, incluindo o tráfico e a exploração sexual.
Reconhecer e valorizar o trabalho de assistência e doméstico por meio da promoção da responsabilidade compartilhada dentro do lar e da família, de acordo com as circunstâncias nacionais. Além disso, implementar e gerenciar políticas e legislações sólidas para garantir a igualdade de gênero em todos os níveis.
6. Água limpa e saneamento
Disponibilizar o acesso universal e igualitário à água potável, bem como o acesso ao saneamento e higiene para todas as populações, a fim de erradicar a presença de esgotos a céu aberto. Promover a participação das comunidades locais para melhorar a gestão da água e a preservação dos lençóis freáticos.
Implantar o gerenciamento integrado dos recursos hídricos em todos os níveis, incluindo a colaboração transfronteiriça, quando necessária. Reforçar a eficiência do consumo da água em todas as esferas da sociedade, promover captações sustentáveis e controlar o abastecimento para lidar com períodos de escassez — diminuindo consideravelmente o número de pessoas que sofrem com a falta de água.
7. Energia limpa e sustentável
Garantir o acesso facilitado, confiável e barato a recursos energéticos com a presença de energias limpas, a fim de dobrar a taxa de eficiência energética do mundo. Além disso, a intenção é expandir os sistemas de produção e aprimorar as tecnologias para beneficiar países em desenvolvimento, respeitando os seus respectivos planos de apoio.
8. Trabalho decente e crescimento econômico
A ODS número oito almeja que as nações menos favorecidas atinjam patamares elevados das economias por meio da diversificação, inovação e modernização tecnológica. Por meio de setores de alto valor agregado e mão de obra, é um grande objetivo a ser conquistado.
Assim, é possível que toda a população com idade profissional produtiva conquiste empregos decentes, com remuneração igualitária entre homens, mulheres e pessoas com deficiência.
9. Indústria, inovação e infraestrutura
Desenvolver infraestruturas eficientes, sustentáveis e resilientes, incluindo demandas regionais e transfronteiriças, para auxiliar o desenvolvimento socioeconômico, com foco no acesso igualitário e em valores acessíveis para todos.
Modernizar estruturas e reajustar as indústrias para torná-las mais sustentáveis, com uso eficiente de recursos e adoção de ferramentas tecnológicas e procedimentos operacionais mais ecológicos.
Intensificar a expansão e o acesso dos pequenos empreendimentos, especialmente em países subdesenvolvidos, facilitando a obtenção de crédito e sua integração no mercado comercial.
10. Redução das desigualdades
Assegurar a equivalência de oportunidades e diminuir a desigualdade de resultados, especialmente por meio da eliminação de leis e políticas discriminatórias e da promoção de critérios e condutas compatíveis com essa demanda.
Assegurar o auxílio efetivo ao desenvolvimento e às circulações financeiras, por meio de investimentos externos, para os países onde a carência é maior, como nações africanas, países insulares (ilhas) e países sem litoral, conforme suas demandas e programas nacionais.
11. Cidades e comunidades sustentáveis
Diminuir o impacto ambiental negativo per capita dos municípios, a fim de melhorar a qualidade do ar e otimizar o gerenciamento de resíduos sólidos, implementando um sistema que inclua essas duas demandas.
Aprimorar a segurança do trânsito e o acesso às cidades por meio de ações de mobilidade urbana mais sustentáveis e inclusivas, valorizando o transporte público e o transporte ativo, a fim de atender às pessoas em situação de vulnerabilidade, como crianças, pessoas idosas e pessoas com deficiência.
12. Consumo e produção sustentáveis
Implantar o Plano Decenal de Programas sobre Produção e Consumo Sustentáveis (10YFP), com todas as nações executando medidas de conservação, e as nações desenvolvidas acatando a liderança, considerando o desenvolvimento proporcional e as capacidades dos países subdesenvolvidos em relação ao gerenciamento sustentável e à utilização competente dos recursos naturais.
Diminuir pela metade o desperdício de alimentos no mundo, de ponta a ponta (cultivo, colheita, acondicionamento, processamento, varejo e consumo). Racionalizar o uso de máquinas movidas a combustíveis fósseis na fabricação de alimentos e produtos, eliminando as distorções do mercado e garantindo redução gradual de consumo desses combustíveis prejudiciais.
Nesse sentido, a recomendação é investir em pesquisas de desenvolvimento de maquinários que consomem pouco combustível ou que operam por meio de energia limpa e renovável.
13. Ação contra a mudança global do clima
Investir em campanhas para a criação de metodologias relacionadas à mudança climática e ao gerenciamento ecológico nos países em desenvolvimento. Por isso, deve-se intensificar a conscientização da população sobre adaptação, mitigação, diminuição de impactos e alertas prévios da alteração do clima.
Uma maneira eficiente de definir metas e estudar sobre demandas climáticas é marcando presença em eventos como a Conferência das Partes (COP). O último evento, denominado COP-27, ocorreu no Egito em 2022 e instituiu o Fundo de Perdas e Danos, para que nações vulneráveis se recuperem de desastres climáticos.
14. Vida na água
Potencializar as vantagens econômicas para países insulares (compostos por ilhas) em crescimento por meio da utilização ecológica dos recursos marinhos e do gerenciamento sustentável da aquicultura, da pesca e do turismo. Assegurar a proteção e o uso consciente dos oceanos por meio do Direito Internacional, como descrito na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS).
15. Vida terrestre
Esse ODS prioriza a proteção, a recuperação e a promoção do uso sustentável de recursos terrestres e florestais, a fim de combater a desertificação e reverter a degradação e a perda da fauna e da flora. Para isso, é feito o gerenciamento sustentável das florestas, bem como realizadas a erradicação de desmatamentos e as ações de florestamento e reflorestamento no mundo todo.
16. Paz, justiça e instituições eficazes
Diminuir a violência e os índices de mortalidade nos quatro cantos do planeta, a fim de garantir justiça para todos. O objetivo desse ODS é fazer cumprir leis e condutas não discriminatórias para o crescimento sustentável, assim como disponibilizar o acesso público à informação e aparar as liberdades fundamentais, em conformidade com as constituições nacionais e os tratados internacionais.
Ainda, é preciso fortalecer as instituições de todos os países para prevenir situações de violência e combater o crime organizado e o terrorismo.
17. Parcerias e meios de implementação
Fortalecer a colaboração global para o desenvolvimento sustentável por meio de parcerias estratégicas, a fim de gerar mobilizações e compartilhar conhecimentos, experiências, tecnologias e soluções financeiras para favorecer a conquista dos objetivos das ODS em todo o planeta. Elevar a coerência das ações ecológicas para garantir estabilidade macroeconômica por meio da coordenação política.
Como os temas são divididos?
Apesar de existirem 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os temas de tais práticas são divididos em quatro pilares:
- social: vinculado às demandas e necessidades populacionais de saúde, educação, melhoria da qualidade de vida e justiça social. Além disso, instituições sustentáveis necessitam do apoio de seus colaboradores, consumidores, usuários, parceiros, fornecedores e da comunidade em que atuam;
- ambiental: abrange a preservação e a conservação dos recursos naturais, com práticas que correspondem à reversão de desmatamentos, proteção florestal, preservação da biodiversidade, uso sustentável dos oceanos, combate à desertificação e uso de condutas efetivas contra as alterações do clima;
- econômico: inclui a utilização consciente de recursos naturais, a produção e gestão de resíduos, a geração e o consumo energético. Seu foco é a sustentabilidade financeira e o gerenciamento eficiente dos instrumentos produtivos;
- institucional: corresponde à capacidade de colocar os ODS em prática por meio da colaboração recíproca e frequente de países, com o respaldo das Nações Unidas.
Por que saber sobre o assunto?
É importante acompanhar esse tema porque os recursos naturais estão cada vez mais escassos e o mundo está cada vez mais populoso e padronizado no que diz respeito a comportamentos e necessidades socioeconômicas.
Logo, se sua companhia estiver alinhada a práticas ecologicamente corretas, pode direcionar a gestão de pessoas, os fluxos operacionais, os processos comerciais e as ações de marketing, a fim de conscientizar seu público-alvo a sempre priorizar a sustentabilidade ao fechar negócio. Nesse sentido, a estratégia ESG pode ser sua grande aliada.
Como a sociedade está consciente em relação a essa demanda, sua marca terá grandes de chances de gerar fidelizações e indicações por ter uma conduta mais verde. Portanto, não deixe de acompanhar o andamento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para sair na frente e conquistar uma fatia maior no seu segmento. Ficou com dúvidas a respeito dos ODS ou deseja complementar algo? Envie seu comentário no campo abaixo!